sexta-feira, 10 de junho de 2011

Resenha : O NOME DA ROSA

No período conturbado da idade média, precisamente na baixa idade media, onde no cenário mundial a igreja tentava manter sua soberania, pois todos os campos de seus estudos e sabedorias recebiam explicações teocêntricas, onde Deus era o único ponto de partida para todas as questões referentes ao universo, surgem as idéias renascentistas  em que o homem voltava seus estudos e olhares para si mesmo, pesquisando nos campos das ciências e observava-se a si. Um conflito histórico surgia; de um lado a igreja, aproveitando os pecados dos seus fieis para receber poder financeiro e sendo a única capaz de intermediar entre o homem, pecador e vitima da ira de deus, e ela dogmática e poderosa, limitava o crescimento do homem. Dai surge um grande impasse, idéias que propunham a valorização do homem vinham de encontro com o poderio da igreja. Através do uso das idéias gregas e romanas sobre a razão e as idéias de valorização do homem e da natureza, as idéias obscuras do sobrenatural e divino passaram a ser questionadas. Esse é o período que vemos claramente mostrado no filme O Nome da Rosa de Umberto Eco, onde na trama, monges são assassinados por tentarem ler (aprender) sobre idéias de cunho renascentistas, como as contidas num dos livros proibidos, escrito por Aristóteles onde era sugerida a alegria e o riso, como naturais ao ser humano. Essa atitude se fosse divulgada para os homens e eles se sentissem livres,alegres, como seu direito humano natural diminuiriam o poderio da igreja que soberana mantinha as rédeas de todo comportamento que saísse daquilo que lhes foi permitido, e onde através dos castigos e da culpa aprisionava os homens com suas mentiras. Havia no filme um monge e investigador, William de Baskerville interpretado pelo ator Sean Conery, que foi chamado para investigar as misteriosas mortes que estavam acontecendo na abadia. Nesse mosteiro havia uma grande biblioteca que era mantida em segredo e que continha obras de grande valor, escrita pelos renascentistas. Mortes misteriosas aconteceram a sete monges, dando início a uma investigação policial feita pelo monge. Ficou claro para o padre que a igreja queria esconder os livros que através do seu conteúdo pudessem dar liberdade ao homem. As mortes ocorriam a todos aqueles que liam o livro, e o veneno colocado em suas páginas os matava antes que pudessem passar as idéias adiante. Todas as mortes foram mistificadas e arranjadas como que fazendo uma analogia as profecias do livro apocalipse da bíblia, para que lavassem medo aos que as viam e assim pudessem ser controlados.
A inquisição era o método violento e intimidador usado pela igreja para conter qualquer prática ou idéia que fosse de encontro ao poderio da Igreja. Também foi evidenciado no filme que práticas sexuais eram praticadas pelos monges, que pagavam com restos de comida a uma indigente jovem em trocas desses favores sexuais. 

O NOME DA ROSA,Filme- baseado na obra de Umberto Eco . Título original Der Name Der Rose, 1986. Dirigido por : Jean-Jacques Annaud 

RESENHA: “Nós que aqui estamos por vós esperamos”


Um belíssimo documentário, uma poesia visual, narrando através de imagens e algumas citações toda a memória do Século XX. As descobertas, avanços, erros, construções, inovações e loucuras que a humanidade alcançou nesses 100 anos de história. Uma viagem nos diversos contextos sociais, passando pela política, pela cultura, economia e suas mudanças. Na arte, o importante pintor espanhol Pablo Picasso. Os artistas Franceses. As mulheres dançarinas , avanços no cinema, brilhantes artistas como o dançarino Fred Astaire e até o futebol, imortalizado por Mané Garrincha.
Na tecnologia a criação da fábrica de carros Ford em 1913, a criação da máquina de escrever, o telefone e a infeliz 1ª Guerra mundial, onde o avião foi usado como arma na França em 1914. Na segunda Guerra mundial os países especializaram esses aviões e estimularam a criação da aeronáutica como arma militar.
Albert Einstein em 1905 apareceu unindo o principio da relatividade, publicou uma série artigos que transformaram a maneira da humanidade conceber o universo. Yuri Gagarim, russo, que disse do espaço “ a terra é azul!”.
As guerras, que embora após sua passagem nos trouxeram até alguns saltos no desenvolvimento de alguns setores das sociedades, evidenciaram a banalização da vida, a falta de respeito ao outro e a prova da falta diplomacia e controle humano. As injustiças de que o homem é capaz de cometer. Os paranóicos, Hitler, Stalin, Mussolini, que conceituados como portadores de uma psicose caracterizada pelo desenvolvimento de um delírio crônico de grandeza, de perseguição, de zelo etc, atuando de forma marcante e inescrupulosa, deixaram um rastro de morte e perdas no mundo.
Todas as mudanças que foram empreendidas por seres humanos e as conseqüências de suas criações. Freud e o desvendamento do inconsciente são também retratados nessa obra que inicia e finaliza-se num cemitério, mostrando a brevidade da vida humana e a importância das suas contribuições. 
Criações que nós, seres humanos, observamos e participamos.
Enxergamos o mundo pelo prisma de nossa própria consciência, achamos que somos únicos e que nossas criações, idéias e feitos serão eternas, porem tudo termina e um dia só seremos uma lembrança registrada ou não no cenário mundial, enquanto “passamos adiante”, terminamos. Só nossa singularidade marca um período histórico, como um dado demográfico ou epistemológico, viramos um dos 6 bilhões que habitam hoje a terra. Um dia ativos, num outro, estatística.
Criamos, enquanto vivemos, ou melhor, passamos , nos locais e nas circunstâncias onde estamos inseridos, essas vivencias compõem a tapeçaria da vida num dado momento e são os marcos que sinalizam uma época, viram história e  base, diretrizes para os que vem em seguida.
 Todos nós que vivemos e formamos hoje o que chamamos humanidade estaremos um dia “repousando“ em algum cemitério dizendo também em lápides para os que estarão passando:“nós que aqui estamos por vós esperamos”!
Que nossas vidas possam somar nessa grande tapeçaria que é a vida e que possamos ser um dia, uma Maria, um João, que alem de ter amado, estudado sofrido e gostado de sorvete, tenhamos colaborado para que aqueles que virão depois de nós possam caminhar sob bases de boas criações e recriando nossas idéias, frutos de subjetividades únicas, singulares, atuantes ou anônimas que somos, dêem continuidade ao que chamamos Evolução.
RESENHA DO FILME – Nós que aqui estamos por vós esperamos, Documentário dirigido por Marcelo Masagão em 1998,Brasil,com duração de 55 minutos,Parte histórica: José Eduardo Valadares e Nicolau Sevcenko , Psicanálise: Andréa Meneses Masagão e Heidi Tabacov. Música: Win Mestens

As idéias Psicológicas na Bahia e no Brasil

Com a busca do homem em compreender o próprio homem surge a Psicologia, primeiro pensada, como um ramo da filosofia, em seguida histórica e depois, separada e distinta, avançou como ciência através do campo das pesquisas. Os iniciantes na Psicologia feita no Brasil como Lourenço Filho (1955) e Cabral,(1950) se destacaram pelo fato de terem aprendido com mestres de renome. Em 1934 na USP se iniciaram muitas pesquisas devido as necessidades das industrias e as necessidades de idéias Psicológicas voltadas para educação, fez com que as buscas por respostas fossem apoiadas. Em 1906, no rio de janeiro iniciou-se pesquisas voltadas para o desenvolvimento infantil e os estudos sobre a aprendizagem, o ensino e os seus métodos para que os alunos pudessem através da identificação de seus problemas com linguagem, leitura e escrita e até matemática fossem então classificadas em classes. Porém esse marco é o que podemos chamar de inicio de uma culminação de avanços na área Psicológica, pois sua real origem data do período colonial onde idéias a cerca dos modos de agir das pessoas daquela  época poderia facilitar o controle das mesmas, como aconteceu quanto aos índios, ao se estudar a sua maneira de trabalhar e a dificuldade em  lhes ensinar a cultura da colônia. Um período, caracterizado por Pessotti  (1988) como  pré-institucional  (até 1833) Podemos perceber nessa busca de informações sobre o ambiente social e o comportamento dos índios a grande divergência entre a colônia e o povo indígena, o que contradizia aos interesses da metrópole.  Já no séc. 19, após as mudanças que o Brasil enfrentou houve o crescimento das escolas e na sombra das idéias positivistas, cartesianas e as idéias de Aristóteles, muitas contribuições aumentaram as idéias psicológicas no Brasil. Surgiam então pesquisas voltadas para o ensino e o os estudantes , usando como base as idéias de Rousseau e Pestalozzi  que influenciaram no Rio de Janeiro e na  Bahia, temas como a instrução e a educação física e moral na  Epilepsia, na  hipocondria, nas  alucinações mentais e fatores de ordem Psicossocial, que formaram a base  de futuras teses já tidas como da Psicologia. Foi nesse período que se criou os asilos para loucos, para quem se dirigiam as  buscas de soluções onde se multiplicavam  os problemas  na sociedade brasileira, particularmente no espaço urbano, onde a classe dominante esperava da medicina e da educação, uma solução para o afastamento dos que eram julgados  loucos, mendigos, marginalizados.
Nesse período a preocupação com o fenômeno psicológico ganhou força e se expandiu o que acontecia de forma paralela as conquistas na Europa e nos Estados Unidos, fazendo da psicologia uma ciência autônoma. O laboratório da “colônia” foi transformado em instituto de psicologia, subordinado ao ministério da educação e saúde pública, em 1932, e mais tarde incorporado à universidade do brasil. Foi também em 1932 que a aplicação da psicologia à organização do trabalho, com pesquisas sobre fadiga em crianças trabalhadoras e o pioneiro trabalho de seleção de aviadores militares. Ainda com base na idéia de Pessotti temos também o período institucional  (1833-1934) onde na educação houve uma grande contribuição para a autonomia da Psicologia onde vieram as aplicações para a clínica e o trabalho.Outro importante fator foi a obrigatoriedade da disciplina psicologia nos currículos de escolas normais, o aumento da publicação de obras e a criação dos  laboratórios de Psicologia com a vinda de Psicólogos estrangeiros para o Brasil. Em 1962 houve o reconhecimento da profissão de Psicólogo. No Rio de Janeiro, Manoel Bomfim criou o primeiro laboratório de psicologia do Brasil ,ele fez obras para o uso em cursos na escola normal e escreveu inúmeras textos sobre o fenômeno Psicológico e a Psicologia. Foi um defensor radical da expansão da educação para todos. Era um pensador radical, um intelectual que  antecipou até  idéias que foram produzidas por outros pesquisadores como Vigotski. 
Em São Paulo, Noemi Silveira e seu antecessor Lourenço filho, na cátedra de Psicologia da  educação na Faculdade de Filosofia da USP criou os  núcleos originais que no futuro se transformaram no instituto de psicologia dessa universidade. Em Pernambucano foi criado o instituto de seleção e orientação profissional de Recife, mais tarde denominado instituto de Psicologia, no qual foram realizadas inúmeras pesquisas.Em Belo Horizonte as pesquisas envolvendo a participação de muitas educadoras feita pela Psicóloga russa Helena Antipoff foi um marco para as mudanças em Minas Gerais em  1929. Ela mediu a  inteligência das crianças e suas condições materiais e culturais. 
Foi muito diversificada a produção das idéias e praticas psicológicas no brasil período
universitário  (1934- 1962)  e  profissional  (1962), onde só em 1957 houve a regulamentação da profissão do Psicólogo. Em São Paulo o primeiro curso de Psicologia foi criado e em 1968, no dia 27 de agosto de 1962.
Na Bahia, com Isaias Alves
(1898-1968), que defendeu a utilização da Psicometria para a escola e realizou muitas pesquisas para o ministério da saúde pública e educação, alem de criar o curso de pedagogia na Universidade da Bahia e que gerou o curso de Psicologia na Federal.Foi um dos primeiros pioneiros da sistematização da Psicologia e Mercedes da Cunha Chaves de Carvalho que foi a fundadora do curso de Psicologia da UFBA, personagem histórica na analise do comportamento e na historia da psicologia. O comportamentalismo era seu emblema.

domingo, 29 de maio de 2011

A Reforma Psiquiátrica no Brasil. CAPS: Realidade, mito ou meta?

A realidade do CAPS hoje em Salvador, que constatamos em entrevista com profissional da área é que embora os recursos institucionais sejam insuficientes para atender as demandas dos usuários e de seus familiares visando a reabilitação e socialização dos mesmos o CAPS tem cumprido com seu papel. Foi  ressaltada a necessidade de apoio por parte da população e dos familiares dos usuários para que os projetos de apoio sejam cumpridos. As entidades independentes que apóiam e complementam as atividades realizadas pelos CAPS recebem recursos financeiros do Governo Federal e têm algumas dificuldades em implementar as inovadoras idéias propostas pelo modelo porque  lida pessoas que saíram de uma situação manicomial e que levaram anos sem conviver com outras pessoas , então leva tempo para conseguir o que seria ideal, mas se está caminhando para isso e não se destrói todo um projeto porque algumas coisas precisam ser ajustadas. Todo investimento feito para melhorar as condições de pessoas que já foram tão negligenciadas e esquecidas pela sociedade é fundamental. Os recursos recebidos tem sido aplicados visando melhorar  e reabilitar pacientes.
Diversos tópicos são importantes a considerar, principalmente porque vemos que o CAPS não é um mito do ponto de vista de sua eficiência e capacidade de atuação. Esse modelo é essencial à reforma psiquiátrica e as dificuldades em manter e dar suporte a população com transtornos mentais que é hoje a realidade do CASP em Salvador, com todas as queixas e denuncias, não tiram em momento algum o valor e a importância da instituição e principalmente na sua atuação direta com os pacientes. Possibilitando a reabilitação psicossocial, como uma ação ampliada considerando todos os âmbitos possíveis de abordagem: Pessoal,Social e ou Familiar. No projeto principal do CAPS existe a indicação de sua equipe ”Multiprofissional e as atividades desenvolvidas neste espaço são bastante diversificadas, oferecendo atendimentos em grupos e individuais, oficinas terapêuticas e de criação, atividades físicas, atividades lúdicas, arte-terapia, além da medicação, que antes era considerada a principal forma de tratamento. Neste serviço, a família é considerada como parte fundamental do tratamento, tendo atendimento específico (grupal ou individual) e livre acesso ao serviço, sempre que se fizer necessário” (Ciênc. saúde coletiva vol.14 no.1 Rio de Janeiro Jan./Feb. 2009). Além dessas diretrizes que compõem as exigências da formatação do corpo da equipe e das funções que cabe ao CAPS realizar, transcrevemos uma colocação citada pela mesma autora de igual ou maior importância pois caracteriza uma das maiores diferenças do atendimento personalizado que ocorre no CAPS que é a preocupação com a recolocação do individuo na sociedade e a preocupação com a família que da suporte ao doente mental, coisa que não existia nos antigos modelos de tratamento psiquiátrico “a participação da família no tratamento é importante para os profissionais do CAPS, dados  nos apontam que há responsabilidade dos familiares nessa parceria para o tratamento.
Atualmente, é consenso de que as famílias, quando recebem apoio e orientação adequados, têm condições de compartilhar seus problemas e tornam-se aliadas na desinstitucionalização e na reabilitação social do usuário. É necessário oferecer atenção e apoio a estas famílias, pois a reinserção do usuário na comunidade e a retomada de suas atividades diárias se tornam mais fáceis e rápidas quando os familiares acreditam que a melhora na condição de saúde do usuário é possível. A sobrecarga da família do usuário portador de transtorno mental refere-se às conseqüências que afetam o cotidiano desta família. Os gastos financeiros, a desestruturação da vida familiar, social e profissional, tarefas extras, convivência com comportamentos impróprios são situações com as quais a família acaba aprendendo a lidar, mas que causam um grande desgaste físico, mental e emocional. O serviço deve buscar outras formas de alcançar essa família, pois a sensação de responsabilidade, associada à vivência do sofrimento psíquico, é desgastante e o apoio no tratamento e parceria com a equipe é sempre necessário.
Todo esse material aqui exposto diz respeito a importância reabilitação social do paciente e é um dos  fatores que impulsionam a checagem de possíveis erros que ocorrem hoje nos CAPS da Cidade de Salvador e no Brasil, não com objetivo de denegri-los, mas para buscar meios de corrigi-los, mantê-los e desenvolvê-los  para o bem da comunidade e o progresso da consciência de respeito a vida e ao portador de deficiência mental, fazendo do CAPS uma verdade que desfez o mito “que lugar de doente mental é no hospício” e que é válida a meta de que um dia teremos de fato implementados  tantos centros de atendimento quanto seja necessário e que eles possam viabilizar a seus usuários todas as condições que provam a evolução da garantia de cidadania e respeito a individualidade e os direitos dos doentes mentais.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Pesquisa das Idéias Psicológicas entre 1950 à 2000

Classes Intervalo de classes fi Fri% Fac Fac%
1ªclasse 1950  -  1960 57 23% 57 23%
2ªclasse 1960  -  1970 69 27% 126 50%
3ªclasse 1970  -  1980 36 14% 162 65%
4ªclasse 1980  -  1990 49 20% 211 84%
5ªclasse 1990  -  2000 40 16% 251 100%


251 100%